Solteira em Nova York

Passeava pelo Centro quando o vi, ele saia de uma padaria com um copo de café na mão. Devia ter evitado o acidente, mas talvez fosse a única forma de fazê-lo me notar.
Ele era lindo, seu sorriso era encantador, seu dentes não eram nem um pouco retinhos, mas eram extremamente lindos e pontundos. Assim que seu café parou um meu vestido branco de primavera, seu sorriso apareceu em sua boca carnuda como um pôr-de-sol.
- Desculpe-me. - sussurrou ele - Não a vi passar, perdão. Quer que eu a ajude limpar esta bagunça?
- Eu que peço perdão. - assenti, meia séria, não queria demonstrar interesse - É só uma manchinha de nada... Já estava indo mesmo pra casa, só ia pegar um ônibus... Não há problema, acidentes acontecem. - sorri então otimista - Se importaria se eu lhe retribuísse o café? Sabe... eu esbarrei também, não seria justo você perder seu café.
Ele viajou os olhos pelo ar. Ah! E que olhos, caramelados irresistíveis. - Não, não. De forma alguma. Não iria deixá-la cometer tal bobeira. Imagina... Você também saiu prejudicada. Me perdoe, era um lindo vestido.
- Quer dizer, ainda é. É só uma sujeira de café, que besteira! Isso saí.
- Tudo bem... - ele vagou os olhos novamente pelo ambiente, como se desviasse de meu olhar e depois pousou seu foco no relógio de pulso. - Estarei atrasado daqui 15 minutos se não partir agora. Me perdoe de verdade. Levaria seu vestido à lavanderia se pudesse, mas tenho horários...
Ele colocou a mão na carteira abrindo-a, dela tirou dinheiro suficiente pra uma ficha de lanvanderia.
- Acho que você conhece a "Woody lavanderias", não? Elas lavam num minutinho, se quiser, pode levar outras roupas... Tome.
- Imagina... Não posso...
E então ele sumiu pela esquina.
Qual era seu nome? O que ele era? Bom, nunca poderia adivinhar, mas de uma coisa eu sabia: ele era lindo o bastante pra pularmos essa parte.