terça-feira, 9 de novembro de 2010

CXLI

Não é, em verdade, o meu olhar que te enamora;
Ele vê sempre em ti tanto e tanto defeito!...
Nem tua voz jamais me é ao ouvido sonora,
Nem tenho tato, oh! não! a vil contato afeito;
O olfato e o paladar... Nem um nem o outro almeja,
Mesmo em festa de amor, contigo impressionar-se.
Entretanto, em delírio, a estuar, te festeja
Meu coração, que te ama e adora sem disfarce.
Nem a razão nem os sentidos, juntamente,
O podem dissuadir do imenso desatino
De, teu escravo, a mim - sombra humana - igualmente
Como escravo, preder-me ao teu fátuo destino.
Só um bem há neste mal: é que, do meu pecado,
Fazendo-me sofrer, me deixas aliviado.

William Shakespeare

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