Incrível como as praias no inverno são vazias, Cássia aproveitava-se disso agora.
Olhou em volta diversas vezes a procura de alguém, e aliviou-se ao ver que ninguém ali havia. Olhou pela última para confirmar. Mania do ser humano duvidar até do que se vê, mas o que ela queria fazer, isto ninguém poderia ver. Ninguém. Vá que aparecesse alguém de algum lugar inesperado, com uma sacola na mão, talvez estivesse catando latinhas, ou então, com tênis esportivo dados aos pés, esse alguém caminhasse apressadamente depois de um longo dia de trabalho.
Paz, foi tudo ela sentiu quando o vento gelado tocou-lhe a face, beijando seus cabelos. Seu vestido branco, com lacinho rosa. Tomou o laço, ainda pendido a cintura, em mãos e lentamente começou a passar os dedos nele, acariciando a doce fita macia que trazia o tempo todo em seu corpo. Tirou-a então. Pôde respirar melhor. Tirou em seguida o véu, os sapatos, se sentiu mais leve. Passou a mão aos lábios borrando o batom, se sentindo mais Ela. Arrastando-se mais a praia, perto das ondas, entrou na água. Uma onda, então, a atingiu molhando seu vestido. Encharcado, Cássia tomou-o em mãos, o levantando aos joelhos. Seu corpo, este a arrastou mais e mais ao fundo. Quando sentiu que estava longe demais para ser vista por qualquer um... então chorou e chorou. Podia chorar agora, ninguém veria. Soluçando, gritou. Gritou desesperadamente, e quando o fez, se sentiu melhor. Gritou pela última, e então mergulhou. Era o alívio.
Afundou seu corpo ao mar. Ninguém nunca mais a vira.
Aquela velha Cássia morrera.
Olhou em volta diversas vezes a procura de alguém, e aliviou-se ao ver que ninguém ali havia. Olhou pela última para confirmar. Mania do ser humano duvidar até do que se vê, mas o que ela queria fazer, isto ninguém poderia ver. Ninguém. Vá que aparecesse alguém de algum lugar inesperado, com uma sacola na mão, talvez estivesse catando latinhas, ou então, com tênis esportivo dados aos pés, esse alguém caminhasse apressadamente depois de um longo dia de trabalho.
Paz, foi tudo ela sentiu quando o vento gelado tocou-lhe a face, beijando seus cabelos. Seu vestido branco, com lacinho rosa. Tomou o laço, ainda pendido a cintura, em mãos e lentamente começou a passar os dedos nele, acariciando a doce fita macia que trazia o tempo todo em seu corpo. Tirou-a então. Pôde respirar melhor. Tirou em seguida o véu, os sapatos, se sentiu mais leve. Passou a mão aos lábios borrando o batom, se sentindo mais Ela. Arrastando-se mais a praia, perto das ondas, entrou na água. Uma onda, então, a atingiu molhando seu vestido. Encharcado, Cássia tomou-o em mãos, o levantando aos joelhos. Seu corpo, este a arrastou mais e mais ao fundo. Quando sentiu que estava longe demais para ser vista por qualquer um... então chorou e chorou. Podia chorar agora, ninguém veria. Soluçando, gritou. Gritou desesperadamente, e quando o fez, se sentiu melhor. Gritou pela última, e então mergulhou. Era o alívio.
Afundou seu corpo ao mar. Ninguém nunca mais a vira.
Aquela velha Cássia morrera.
Lindo e trágico...
ResponderExcluirTalvez seja tudo que um dia pensaremos ou pensamos em fazer.
Amplexos Gabriela.
Ah eu amei esse post, eu tenho uma coisa com o mar, gosto muito de observar, queria ir ver o mar hoje depois de ler teu texto.
ResponderExcluirAh, Werther ´tristissimo, mas muito belo, você vai amar.
Beijos, querida...Natal chegando que seja feliz o teu. :)
PS: Gabi como assim 17 verões? quando foi? eu lembro eram 16 só. rs
Ah Gabi, me perdoe a distração, fins de ano são tão atribulados, mas aceite meus parabéns atrasados, meu ultimo post dedico então a você, é meu presente. :)
ResponderExcluirMais um beijo!
Uuauau Santos, adoro esta cidade, Gonzaga, Embaré, Pta da Praia, deixei minha juventide por aí, foi ótimo. Belo texto o seu uma inspiração praiana, acho lindo este tema, vc esteve iluminada, pra vc minha linda santista, bjos, bjos e bjosssssss
ResponderExcluirConforme ia lendo fui imaginando... Ela, o vestido, o mar... E o fim.
ResponderExcluirMuito bom!!!
Gosto quando isso acontece, essa sensação de fazer parte da história.
Beijo Gabi!
Eu super concordo com você sobre a moda de antigamente. Também acredito que deve ser invejada, afinal, registrou sua marca produzindo pessoas e peças autênticas!
ResponderExcluirObrigado pela visita e comentário no Cine Freud.
A propósito, teu blog é bastante querido, vontade de copiar o que você escreveu acima e Ctrl + V em vários lugares por ai "pratique a leitura". :)
Beijos
tem mergulhos profundos dos quais nao voltamos, ou voltamos em outras formas...
ResponderExcluirbeijo!
Morrer de vez em qdo é bom... mas será que é doce morrer no mar, como diz a música?
ResponderExcluirBjs*
Ah, essa mania de não acreditarmos até no que vemos :)
ResponderExcluirliindo e emocionante.
ResponderExcluirNossa,faz um tempão q n apareço pro aqui por conta de problemas com a minha internet,mas plo q posso observar,vc continua escrevendo maravilhosamente.
ResponderExcluirNa verdade,não sei dzer se a atitude de Cassia foi de medo ou coragem,enfim,ela encontrou uma forma de resolver algo supostamente complexo com uma atitude "simples".
Obs:Vc sabe descrever mt bem seus textos.
Oi Gabriela!
ResponderExcluirQue beleza de conto! Ah, eu achava que ela ia tirar o vestido! E realmente tirou, o vestido velho que já não mais servia e que se foi junto com as ondas. Essa atitude nos mostra que precisamos estar dispostos a renascer sempre que necessário, só assim chegaremos a tão desejada felicidade. E como é bom desabafar! Parabéns!
Tem um selo pra você no meu espaço. Espero que goste!
Beijo,
Thiago
:) Linda.
ResponderExcluirSeus textos não são muito diferentes de ti.
Cabe ressaltar que sua narração / descrição fica cada vez melhor.
Beijos ;)
Ah...
ResponderExcluirQue lindo...
Me lembrei de momentos...
Amei!!!
Saudades de te ler...
Bjs
Foi-se Cássia no mar do esquecimento...
ResponderExcluirPobre Cássia! Morreu para matar o que lhe matava.
Cássia vive em algum lugar, será?
Nas profundezas do mar?
Não sei, mas posso entender essa necessidade matar o que me mata.
Muito bonito teu texto, Gabi. Bonito em sua intensidade e tristeza.
Um beijo grande.
Adoro o nome Cássia, e adoro cenários de praia. A água tem um poder incrível de renovação, o mar então nem se fala... Adoro o barulho do mar e acho lindo uma praia com chuva ou com tempo ruim, é romântico de alguma forma.
ResponderExcluir:) Grande beijo!
Intenso, profundo. Tem hora que a gente necessita de um momento à sós, por mais que ninguém esteja por perto. Sentimos bem quando ninguém importa com a gente, mas não acredito que um dia eu escolheria assim.
ResponderExcluirMas ficou belo, Gabi.
Um beijo.