terça-feira, 1 de março de 2011

Não acabou

No inicio da tarde, estava voltando pra casa, a barriga roncando, nas costas a mochila pesada; eu fitava o chão, - ando muito olhando os paralelepípedos. Se é submissão, eu sei lá. Não tenho de abaixar a cabeça pra ninguém. É mania, apenas isso; uma mania recente. Fitar os sapatos, verificar os cadarços, constatar que não tropeçarei em nenhuma pedra.
Ajeitei os óculos assim que ergui a cabeça, lá vinha a esquina, e assim como na vida, há intervalos que devemos estar espertos. Nunca se sabe no que vai dar. Quando cabisbaixa, notei que em nada pensava. Pensava, talvez, nos paralelepípedos, ou então na última vez em que assim, com o olhar fitando o chão, trombei com você na esquina. É estranho fingir pra mim mesma que não esperava que o mesmo acontecesse nesta tarde.
Naquele dia, pensei que você me xingaria, estava irritado, - acidentalmente, quase me atropelara com sua bicicleta - mas ao invés de resmungar, você sorriu. E então fico me perguntando agora o porquê daquele mesmo sorriso ter se transformado num rio, num nada. Mistério. Sumiu. Simplesmente não apareceu mais para mim. Se foi erro meu, se seu, não sei.

Até que, nesta tarde, curvei a cabeça como naquele dia, mas ao invés de me dar com você, lidei com uma borboleta branca a voar ao meu lado. Pelo menos encontrei uma das borboletas que procurava.




P.s.: Peço perdão por não ter tempo de visitá-los.

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