Meu príncipe já passou por mim

Procurei em todos os lugares - bosques, parques, vilas e shoppings - mas não o achei.
Avistei, vários cavalos, espadas e flechas, mas não o encontrei.
Aonde será que ele está? Será que um dia o encontrarei a beira de alguma margem?, procurando por mim, falando com sapos, ou então procurando uma ostra bem velha produzindo minha pérola? Será? Será que ele está por ai a minha procura esse tempo todo?
Apareça belo príncipe, estou a sua procura. Venha, pois, é a hora, te quero, pois venha.
Olho ao redor, nos jardins, pelo vento... Nenhuma pista sua.
Será que mamãe tem razão? As coisas têm seu tempo? Acho que sim. Mas enquanto tu não vens, estarei a sua espera mesmo assim.

Enquanto a garota penteava seus cabelos com sua escova de ouro, seu mordomo a observava de longe.
Tomou fôlego, respirou bem forte e entrou pela porta do quarto da Madame.

- Pois não, posso entrar?
- Oras, veja. Já está dentro mesmo. - Ela fungou o nariz em seu lencinho, penteou o cabelo mais uma vez e lhe olhou parado à porta. - Lhe atrapalho?
- Não, não - disse ele sem jeito - Lógico que não. É que... Eu gosto de vê-la pentear-se.
- Hm.
- Posso pentear-lhe?
- Atrevido você! - bronquiou ela. - Embora não tenha nada demais. Venha, tome isto.
Ela lhe entregou o pente em mãos, e esperou que ele o tomasse e continuasse o trabalho mal terminado.
Ela a penteou devagar e delicadamente, observando cada fio, e sentindo cada um passar-lhe entre os dedos, carinhosamente, lhe espetando algumas vezes, embora ele gostasse do que fazia. Aproveitou aquele momento como se fosse o último. Lhe penteou duas ou três vezes, depois lhe entregou o pente em mãos com um sorriso inevitável no rosto.
- Obrigada. - ela agradeceu devolvendo o sorriso.
- Não há de quê. Maravilhoso pentear-lhe, ficaria feliz se pudesse fazer isto mais vezes.
- Pois venha, se quiser, pentear-me sempre que tiver vontade. Sabe... Não tenho muita paciência com os meus cachos, e você é carinhoso quando se trata de cabelos. Confesso: Quase dormi aqui. - ela sorriu boba, embora espantada do que falara a uns instantes atrás.
Então, ele viera mais vezes. Penteiou -a diversas vezes num dia só. Ela ficava feliz com a presença dele, ele conversava enquanto penteava ela, e a fazia sorrir.

Dado certo tempo, a mãe da princesa iria lhe apresentar rapazes para seu noivado. Ela necessitava arrumar um príncipe com certa presa, para poder assumir o trono.
Vieram rapazes de todo o Oriente, de diferentes cores, de olhos e cabelos, tamanhos, jeitos e até sorrisos.
Rejeitou metade dos rapazes, nenhum a agradara. Alguns eram meio bobos, outros caretas, alguns mesquinhos, riquinhos e até taradinhos demais pro seu gosto.
Rejeitou todos, sem dó e piedade. Até que certo dia se aproximou, manhã linda por sinal, e então veio ele - o tal esperado - mas ele não lhe trazia roupas de luxo, nem ouro, prata ou bronze; ele trazia entre os dedos delicados uma escova de cabelo, e um sorriso no rosto.
Então ela viu que era ele, ele estivera ali antes, mas ela não sabia que era ele. Às vezes não damos conta das pequenas coisas, momentos. Várias pessoas passam diversas vezes em nossa vida, vão e vem de uma hora pra outra. Ele curtiu os momentos ao lado dela como se fossem os últimos em sua vida, esperou tanto por ela, que por conquistá-la com sua simplicidade, lhe ganhou pra vida toda.

=

Ê, to romântica hoje e muito feliz! Afinal, hoje eu comemoro 1 ano e meio ao lado do meu gatuxo *-* (^) Parabéns pra nós, ê.