segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Lembranças

A peguei em mãos, eu era tão jovem. Estava sorrindo, mas não havia felicidade alguma. Sorria para um aparelho; e mamãe dizia:
- Sorria, Gabi. Sorria, apenas sorria!
E então um clarão iluminava tudo. Não se podia ver como ficara, era apenas tirar e depois de um longo prazo, revelá-las. Não apagava, nem muito menos, ficávamos tristes antes da hora pelo resultado indesejado. Após a revelação, o tempo já havia passado, e então olhávamos para o espelho e diziamos:
-Nossa, estou mais bela agora.
Sorriamos, estávamos contentes. E hoje tenho em mãos todas as minhas fotos de criança, das mais feias e bregas, até as mais jeitosas e charmosas. E não fico triste por tê-las tirado, são apenas lembranças.
Hoje, pois, não tenho mais nenhuma. Não as revelo, todas que tiro as apago; não guardo uma sequer de minha adolescência, apenas aquelas tiradas na escola, em que meus pais insistiram em comprá-las, mesmo eu tendo saído com um sorriso torto ou olhando pra direção errada.
São fotos, lembranças jamais esquecidas.
Às vezes esquecemos de lembrar de alguns momentos, mas quando olhamos os vestígios de um acontecimento marcante, e então recuperamos a lembrança de cada detalhe de um passado tão distante.
Agora é tudo tão diferente, reclamo pois tenho espinhas, embora eu saiba que isto é normal em minha idade, talvez o sinal de estar crescendo. Mas não, não quero tirar fotos assim. Maquiagem não as cobre; as jogo em um programa que me modifica por inteiro, mas aquela em minha tela, bom... Aquela não sou eu! É o que eu deveria ser pra poder ser aceita no mundo da beleza, mas eu não sou bela quanto aquela em que fabriquei no computador, aquela é irreal. Aquela sorri porque sorrisos são apenas belos. E esta, cheias de espinhas, estrias, e defeitos, sou eu. Pois tire uma foto feia minha, desde que seja meu verdadeiro rosto, pele, corpo. Quero momentos, não troféus de uma juventude perfeita.
Afinal, beleza vai-vem, e então acabaremos todos iguais. Morreremos não do mesmo jeito, mas vamos para o mesmo local: à sete palmos do chão; ou até há daqueles que preferem ser cremados. Mas não há explicações para não me aceitar da forma em que sou, afinal fotos são apenas lembranças, e elas eu quero guardá-las não somente no peito, quero olhá-las, quero fotografá-las para sempre lembrar de uma vida, minha vida, aquela em que vivi.




Pauta para Blorkutando

4 comentários:

  1. Adorei *-*
    èe, também olho fotos antigas, e as vezes tenho vontade de voltar no tempo. Mas vejo fotos atuais, e também gosto, os momentos em q as tiramos, são os momentos que guardamos, e q vamos sempre lembrar.
    bjus flor ;*

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  2. Adorei!
    Não se limitou ao tema, foi além.
    Adoro isso em você!

    Fotos são coisas que nos transportam com uma simples mirada para um passado, para um acontecimento bom ou não tão bom, mas, mesmo assim, nos faz lembrar, chorar, sentir saudade, querer voltar.
    É algo extremamente lindo!
    Ainda assim, não sou fotogênica, por isso não gosto de muito de câmeras e fotos.
    Porém tenho que mudar, pois, quando estiver velhinha, quero ver fotos minhas em outras épocas, poder lembrar e rir do que me aconteceu nos dias das tais fotos.

    Boa sorte no Blorkutando.
    Beijo grande pra ti.

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  3. Fotos *-* quero elas junto a mim até envelhecer e poder contar a meus netos, tudo que vivi, e ter fatos com isso.

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  4. Fotos ><

    algo que guardamos em apenas um clic, que levaremos para a vida toda!

    beejos amei tudo aqui!

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