Os olhos semi-cerrados, talvez de dor, era a viagem as lembranças, ou então até mesmo o sono que a perturbava.
Quantos dias ela já não pudera dormir?
A luz de tal cômodo permaneceu acessa a dias...
Outro dia eu fui visitá-la novamente. Apenas da janela, mas é claro. Ela nem imaginava ali minha presença.
Com os olhos ainda fechados, - dormindo acredito, - cheguei mais perto da janela, até o raio do luar nos iluminar. Iluminou a janela que logo, nela fez meu reflexo. Eu fiquei incontáveis minutos olhando a senhora, e então fitei entre nós - minha imagem na janela, e a dela dentro da sala sentada na poltrona velha - pude achar mera semelhança. Parecíamos iguais. Seríamos a mesmas? Hoje eu creio que sim.
Sou a senhora da poltrona, caro leitor. E lá fora estou eu, anos mais nova, um tanto ingênua, por assim dizer. Ah... que saudade de minhas lembranças. Talvez amargas.
Quando nos pegamos a recordar, a memória faz a recordação ser tão viva, que é como se déssemos vida a algo que já se foi.
Minha juventude se foi, leitor, e com ela levou o meu vigor. Talvez um dia a vida leve a sua também, e então seremos todos as senhoras e senhores da poltrona velha.
Fur Elise - L.V. Bethoveen
Sua juventude não se foi, gostei bastante do seu texto
ResponderExcluir"Quando nos pegamos a recordar, a memória faz a recordação ser tão viva, que é como se déssemos vida a algo que já se foi."
ResponderExcluirÉ verdade, Gabi.
E eu não quero me dar conta de que estou sentada numa poltrona velha, mas sem nada de relevante para recordar. Seria a certeza de que eu não tive vida, que nada valeu a pena, que eu não fiz o que eu sonhei.
Belo post!
=**
Que linda a postagem...
ResponderExcluirFaz tempo que não passo aqui, seu blog está lindo!
Beijos
eu posso até ser a senhora, mas num shopping, comprando, consumindo, me divertindo, vivendo e aproveitando os meus ultimos momentos de vida! bj
ResponderExcluirAdorei o texto...
ResponderExcluirTudo por aqui é lindo.
Adorei aqui e já te sigo, tá?!
Bjão e um domingo super iluminado.