Fim dos devaneios

Não gosto de sonhos, eles me iludem.
Parei de sonhar. Quero vivê-los; me compreende?
Tranquei a porta do meu coração - como você deve ter notado - isso explica essa minha pose de durona. Estou de resguardando, entenda. Mas isso não quer dizer que prefiro que você desista. Gosto desse seu jeito atirado, do tipo que se arrisca. Nada te impede de ter o que quer. Tente, tente me conquistar. Me convença ser diferente dos demais. Não necessariamente diferente, apenas especial - mais especial dos que eu já conheci.
Cansei de planejar, sonhar com amores dos quais ainda não vivi. Por isso não sonho mais com você. Descobri que sonhar me faz mal; vira-se um maldito hábito completamente involuntário do qual diversas vezes me deparo a sofrer sozinha e calada.
No meu quarto você se torna meu príncipe encantado, me traz flores, deita comigo na cama contando-me seus amores antigos, seus segredos mais obscuros, e me tira para dançar até mesmo sem haver música alguma. Mas quando de meu súbito devaneio desperto, me deparo com um garoto não menos belo, apenas diferente; diferente do qual fantasiei. Não tão romântico, não tão ousado, mas tão você.

Adoro sua espontaniedade, principalmente quando me irrita com seu jeito de fugir de meus olhares. Gosto de brincar de quem se rende primeiro. Me divirto até mesmo quando você tenta disfarçar seu interesse. Adoro exatamente tudo em você. Mas não irei mais almejar nada mais do que a plena realidade. Não irei mais fantasiar com você.
Parei com meus devaneios.
Decido-me agora passar a querer vivê-los. Viver meus sonhos. Aceitar a realidade como ela é. Talvez você não seja tão másculo como previ um dia, ou então não tão doce quanto quis que fosse.
Não faço mais rótulos, prometo! Não te julgarei.
Me surpreenda. Quem sabe você não se torna alguém mais interessante do que um dia eu poderia prever?