terça-feira, 23 de novembro de 2010

Frenesi

Aquele dia choveu... A chuva me lembrava nós, mas dias estes em que voltei a ser apenas eu, me vi sorrindo novamente debaixo de minha sombrinha. Eu e meu guarda-chuva. Abri a boca: gelada e sem gosto. Não sei dizer, mas ela era a mesma. Era a mesma chuva, embora não com as mesmas gotas. Assim como o amor. O amor é o amor, mas ele nunca o deixa de ser, nem quando quem se ama é outro. Troquei de guarda-chuva, de casa, de pertences, amor... mas ainda sou eu mesma. Larguei tudo, mas não posso deixar de ser eu. Relativo. Desde aqueles velhos tempos, meu guarda-chuva não é mais azul e pequeno, sem graça, mas a chuva... ela ainda é ela mesma.
Me senti eu mesma naquele dia. Ainda sinto. Notei que tudo sempre esteve exatamente em seu lugar, mas eu nunca havia me dado conta. Vivia achando que após sua partida tudo houvesse mudado dentro de mim. Mas não. Ainda sou eu. A chuva é a mesma. [...]

Loucura, não? Me sinto meio Moraes*, amando o simples fato de amar, seja quem for. Porque não importa quem, apenas ache quem lhe faça sentir arrepios, e quem sabe borboletas no estômago... e o beije, e o ame, e explore tudo de bom que o amor possa oferecer. Porque amor é mistério. Amo-o tanto e ainda o desconheço. Ele me foge às vezes, embora em outras retorne. Eu não ligo, o amor tem o direito de sumir também... Ele some mas somente pra quando ressurgir não passar despercebido. E agora que ele voltou, logo o vi entrar. Arrancou todas as teias de meu peito e fez-me sentir novamente.
Porque o céu, naquele dia, não chorava como antes, ele simplesmente regava, regava o outro amor que esta ainda a crescer em meu peito. Mas não é teu este amor, não é, não mais. Este pertence a outro, porque nunca deixarei de amar.


* Poeta Vinícius de Moraes


Se o amor é fantasia, eu me encontro ultimamente em pleno carnaval. - Vinícius de Moraes

5 comentários:

  1. Gabriela,
    Mal consigo acreditar que você tem "apenas" 16 anos.
    Lembro de mim mesma aos 16 (hoje tenho 38) tão tonta, tão tonta...mas tão tonta.
    Parabéns, seus textos são lindos e você...com tanta vida ainda pela frente...vai longe menina.
    Minha filha tem hoje 11...aos 16 quero que ela seja assim alguém parecido com você.
    Beijos da sua mais nova fã.

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  2. Que lindo isso, amar somente amar, não importa quem ou quando apenas ame. *-*
    Beijos

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  3. Ahh, é isso!
    Eu sempre digo que na vida há milhõessss de possibilidades no amor, sendo que em cada amor que vivermos, o AMOR será o mesmo e nós também.

    Achei lindo isso que vc escreveu, amo a chuva e amo comparações com ela. :)

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  4. Gabriela Marques (bom, confesso que já nasceu com o nome certo para ser uma grande escritora. Deve conhecer Gabriel Garcia Marques, imagino.)

    Desde a infância eu dizia que, quando tivesse um filho ele se chamaria Vinícius (por causa do poetinha). Quis o destino que eu me casasse com um Moraes (aliás com sobrenome idêntico ao de Vinícius que era, na verdade, de Mello Moraes), aí então eu teria a oportunidade de ter meu "Vinícius de Moraes". Bom, não veio o Vinícius, mas chegou a Maria (Maria Luiza ou Malu), que me encanta diariamente com descobertas inimagináveis.

    Procurei um contato seu para te mandar esse comentário por e mail mas não encontrei, então vai por aqui mesmo (um mega comentário gigante....). Lá no meu blog tem meu e mail e também meu Facebook (aquisição recente rs) caso queira me enviar seu contato, vou adorar poder falar com você.

    Gabi (o mundo inteiro deve te chamar assim, por que eu seria diferente?), eu tenho uma sobrinha (única, amada, minha afilhada) que também tem 16 anos como você, e pelo convívio que tenho com ela posso dizer que sei, mais ou menos, o que é ser um adolescente nos dias de hoje. Não sei dizer se é melhor ou pior do que era na "minha época" mas, através de um dos comentários que você fez, acho que vocês têm um ponto favorável muito importante: a proximidade dos pais.
    Meus pais, que são ótimos e amados, fizeram o que puderam para nos dar (a mim e às minhas irmãs) a melhor educação possível dentro das nossas possibilidades, mas sempre foram meio distantes, muito mais "pais" do que "amigos", assim como tinham sido os pais deles e os pais dos pais deles.
    Ter o privilégio de ter seu pai lendo blogs com você é absolutamente incrível, talvez você não tenha noção exata dessa importância hoje, mas te garanto, que fará uma diferença muito grande no seu futuro.
    Achei engraçado você dizer que "ainda é criança às vezes". Quando eu tinha a sua idade, também me sentia "criança às vezes", hoje me sinto sempre.
    Com 16 anos eu achava que sabia de tudo, tinha certeza absoluta de todas as minhas convicções, já tinha meu futuro desenhado num fluxograma perfeito. Ao longo da vida fui acumulando tantas dúvidas e questionamentos que hoje, tenho até dúvidas em relação à pessoa que sou...ou pelo menos de algumas características. Preferindo ser um personagem multifacetado. Um pessoa constantemente aberta a novas possibilidades que a vida me traz....e confesso, sou tão mais feliz desta forma.

    É realmente surpreendente esse contato com alguém tão novo quanto você. Você foge do perfil da maioria dos escritores. É incrível esse encontro de gerações (seu pai provavelmente deve ter a mesma idade que eu - tenho 38 anos) e, esse encontro se dar assim, de forma tão voluntária e agradável.

    Bom Gabi, acaba de ganhar uma amiga.
    Parabéns menina e olha, um conselho: Leia os clássicos, todos que puder!!!!!

    Beijos Mariah

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  5. Olá, moça!

    Obrigada pela visita, pelas palavras, e vá me visitar sempre que quiser, será muito bem-vinda!

    Não peça licença para entrar. Entre, sente-se no sofá e tome um chá, um café ou mesmo um refresco.

    Esta imagem deste post teu... hum... ampliei e me apaixonei. Maravilhosa! Muito bom também o texto sobre o amor. Penso feito você, feito o poeta Vinícius de Moraes, o ideal é o amor ao amor, e não ao amado.

    Quando puder, leia o texto MEU TIO MORREU DE AMOR, no meu Blog O MEDO DE SUZANA (o outro é CONTOS DE LILY), que foi postado no mês de agosto. Escrevi sobre esse tema, sobre o amor ao amado. Não quero morrer de amor, feito o meu tio, quero morrer amando.

    Um abraço!

    Suzana/LILY

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