Já Chega

Conviver com as pessoas é tão complicado. É complicado tentar entender alguém que nem sequer faz esforço para se entender... E julgar, e escutar julgamentos a manhã, a tarde inteira. Já conversei, na verdade, mais escutei do que falei, você não pára. Você não ouve. Não, você não ouve, e quando nega dizendo que eu minto, omite achando que ouvir é igual escutar, mas não é, não é. Você apenas escuta, mas não matuta. O famoso clichê de entrar por um ouvido e sair pelo outro.
Eu não quero que você mude - apesar de querer, já me conformei que nunca conseguirei uma proeza dessas.
Você mesma vive dizendo que as pessoas apenas mudam quando querem, e eu fico aqui me questionando quando você irá querer considerar que algumas de suas atitudes são irreleváveis. Será que você não percebe? Eu digo: Quem vive do passado é museu. Quem vive do passado é museu. Mas você não pára!
Não compreendo seu desejo absurdo de consertar o que se foi. Não irei morrer são explicações, você diz. Mas eu considero que antes de morrer todos nós iremos entender o porque da vida ter tantos porquês, tantas voltas, e tantas tripulações. Mas você não pára. O mundo não pára. E você vive o ontem, enquanto gasta seu hoje com o antes. Amarga teu hoje. E então quando seu hoje virar amanhã será apenas mais um dia para questionar, para amargar e lamentar. Chega!
Eu já tive momentos assim, admito, todos nós temos um dia. Mas entenda: Não vale a pena. Não gaste teu hoje com o ontem. Chega.
Não quero fingir mais uma vez que tenho sono; não quero entrar em meu quarto, deitar na cama e tampar meus ouvidos com o travesseiro. Trancar a porta pros teus problemas, e me tornar tão egoísta ao ponto de fingir que não vejo. Fingir que durmo, fingir que não enlouqueço.

[Gabriela Marques]