domingo, 10 de julho de 2011

Juliana






















Juliana partiu com a roupa do corpo, estava há um bom tempo sentada no bar olhando o movimento da rua, olhando as pessoas passarem felizes. Faltava alguma coisa dentro de si, ela sentia. Sentia o vazio.

Tirou, distraída, o rótulo da garrafa; passou o dedo pela mesa como se escrevesse - o que diria? - pensou em desabafar com alguma pessoa num estado parecido, mas ninguém a entenderia, porque nem mesmo ela sabia porquê partia agora, porquê agora estava na rodoviária esperando o ônibus das 22h pra um lugar desconhecido, ninguém entenderia o porquê abandonava marido e deixava seus filhos.
Nunca lhe faltou comida, dinheiro, nada. Mas ela sentia, sentia o vazio.
Queria provar do mundo. Desistiu de tudo, menos de si.
Ninguém mais a viu.

[Gabriela Marques]

9 comentários:

  1. Sua Juliana tem CORAGEM.
    Mas, todos nós temos essa coragem também, só que preferimos não usar.. E as vezes até usamos em pequenas doses.
    Se aventurar é delicioso, mas ter pra onde voltar é melhor ainda, por isso, paramos, refletimos e preferimos ficar ao invés de voar.


    Beijos, Flor.

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  2. Fugir de tal forma exige coragem.
    Não é covardia como pensam...
    Por que saí do que lhe deixa vazia é ter coragem de viver. De outras forma, De qualquer jeito.
    Viver. Com desconhecidos. Desconhecida.
    Mas viva.
    Gostei do texto.
    Beijos

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  3. Um presságio. Me sinto um pouco como a juliana. Embora, na simplicidade dos meus 17 anos, more com meus pais. Escreves muito bem, moça até mais

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  4. gabriela, recebi um desafio literário e indiquei voce pra responder, quando e se voce puder e quiser :) basta olhar as perguntas respondidas por mim no meu blog.
    beijao.

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  5. Nao sei porque, mas quando comecei a ler pensei se Juliana era voce, ou apenas um personagem com sentimentos e vazios apenas criados por ti, para ela. Digo então, pra Juliana, que desistir de si esta mesmo fora de cogitação.

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  6. Há pessoas que não pertencem ao seu próprio tempo. É preciso reiventar-se.

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  7. É um desvario, um disparate dar cordas à vontades e fazer delas, a corda das nossas atitudes, mas que dá vontade de ver mudanças na rotina, ah dá.

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  8. haha, engraçado que estava vendo um filme (que aliás tenho que ver o final) que era parecido com seu texto, pelo menos na questao do vazio. é 'revolutionary road'.
    e bom, acho que você pode ter tudo pra sobreviver. mas viver, aproveitar a vida, é algo totalmente diferente e necessário.
    gostei bastante <3

    se cuida :*

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  9. As mudanças na nossa vida são (muitas vezes) dolorosas, porém, sempre necessárias.

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