quinta-feira, 22 de abril de 2010

Despedida III




- Eu gosto de você, você sabe disso. Sabe também que não preciso ficar repetindo essa chatice toda de emoção. Gosto de ti. Pronto. Contente?

Seu tom, um tanto desanimado. Não pareceram reais tais palavras e posso apostar, como também afirmar que, Lívia sabia que não eram sinceras. Meio que sorriu, mas com a voz desanimada; mais do que poderia imaginar.
Não pôde disfarçar, e para Lívia faltava o que dizer. Fingir que acreditara? Discutir com ele não iria funcionar, ela o amava. Não é legal machucar quem se ama, mas as vezes o fazemos por impulso e acabamos ferindo a nós mesmos.
Mas então ferir-se, - vendo neste ponto da história, - diferença não faria.
A vontade de ser mortal a orgulhava. Se o machucasse àquela instância, faria de si a culpada, então motivos teriam de sobra para lamentar com razão.

Foi até a cozinha, abriu o faqueiro e sacou de lá uma faca...
Perigosa, sem escrupos. Decidida, e já aos prantos, gargalhava chorosa ao se lembrar tão nitidamente da última cena...

Eduardo decidiu falar, mas a voz não saía. Não queria se mostrar carinhoso. Sentia saudade da vida de solteiro, embora a amasse mais que tudo...
Não... ele não a amava. Amava a ex-namorada, pela qual foi o motivo de Lívia surgir em sua vida.
Esquecê-la... Ele tentou.
Tentou de dar amor verdadeiro; amor que Lívia merecia, mas não o podia fazer.
Queria ser sincero. Dizer que a outra jamais esquecera. Que gostava de Lívia, mas que a outra era o amor de sua vida. Não queria machucá-la com a verdade, então se calou durante tanto tempo. O que fez mal; pois iludiu Lívia. A fez apaixonar-se por alguém que nem sequer tinha amor próprio.
Fuga, esse deveria ser o segundo nome de Lívia.
Fora apenas uma fuga. A fuga de Eduardo.
Quando Marcela desapareceu com suas malas de seu apartamento, o que restou foi apenas aquela velha colega de turma; aquela desajeitada, que nunca fingira interesse pelo belo rapaz.
A usou, esse seria o correto a dizer.
Usada Lívia foi.
E confessar tal pecado, o retorcia. Ele não seria capaz de admitir tanta insensibilidade.
A magoaria.
E ele não queria isso.
Após tanto tempo juntos, após tantos momentos, tantas tentativas de recomeçar ao lado de Lívia; Eduardo percebeu que quando amamos alguém de verdade, outra pessoa não serve. E tentar novamente, ferindo outro alguém, o iludindo, é como fazer com que a pessoa se sinta como você se sentiu: largado, apaixonado, iludido, usado.
E então será que Lívia procuraria outro amor após Eduardo contar-lhe toda a verdade?
Ela se machucaria. Poderia até desistir de amar outro alguém.
Apesar de chulas preocupações, pouco ligava para o relacionamento.
Certa tarde esquecera até de usar a aliança e a decepcionou queitamente.
Lívia pouco falava. O amava tanto, não gostava de brigas. Engolia toda a dor, e se machucava só... aos cantos.

Com a faca na mão pensou em rasgar aos poucos a barriga, fazendo um E.

- Ah Eduardo. Por que me apaixonei por ti?

E então se lembrou, de quão maravilhoso tinha sido aqueles últimos meses ao lado dele... E como era dolorido encarar que todo o amor que um dia ele possa ter sentido por ela, não estava mais ali. Não havia mais rastros sequer.
Por mais que ele tentasse fingir, ela sabia. Ele não era o mesmo.
Vinha se perguntando o porque de tudo aquilo. Como fora embora? Como acabou-se assim? Era tão lindo... Era tão puro.
Puro até a outra não tivesse surgido.
E então eram três. Um triângulo.
Lívia amava Eduardo mais que a vida; embora Eduardo desse a sua para outra.





É engraçado esse lance do amor, né?
Sempre nos apaixonamos por quem não nos merece.


Meu beijo.
Fiquem com Deus

Espero que tenham gostado.


Continua...

9 comentários:

  1. Hum...
    Amar quem não nos ama é tão dolorido...
    Marcas aparecem em nós...
    E nada podemos fazer...
    Lindo conto...
    Quero saber onde vai dar esse continua...

    Bjs

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  2. Gostei da prosa, prende atenção.
    Serve pra todos nós.
    O amor é um bandido e egoísta.

    lindo texto!

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  3. Lindo o conto!
    Achei seu blog por acaso e adorei aqui!! Vo passar sempre que possível ^-^

    bjão =^.^=

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  4. Quem disse que amor é sempre bom e nos faz feliz?Mentiu.Amor é complicadíssimo.Tão complicado que cansa...

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  5. Ahh que lindo! Amei a continuação!É sempre assim,amamos quem não nos ama de verdade,sei muito bem disso,me identifiquei com a história,tirando o fato dela querer se matar!rs'

    Bjs!

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  6. É complicador amar, tão complicado que as vezes não sabemos nem escrever sobre ele. Mas que bom que existe coisa boa pelo mundo e não é só tristeza.

    Estou amando o conto :)
    xx

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  7. É realmente complicado amar sem ser amado,nós vamos aceitando esta situação e causando uma dor enorme em si.O amor é injusto,pois é como aquela velha história:
    Pedro amava Paula,que amava Rafael,que amava Cláudia,que amava Gustavo,que não amava ninguém =S e por ai vai...nem posso flar q Lívia deveria larga-lo,pq sei o quão difícil é...

    Beijos!!!

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  8. Que lindo o que você escreveu *-*
    Vou ler os outros!
    Adorei

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  9. Ah, o tal do amor!
    A gente dá o nosso coração tão frágil em mãos tão atrapalhadas e sem cuidado. Mãos que já estão cheias com outros amores, tantos amor por outro coração. Eis o desencontro.

    Poxa, eu também amo Machado, viu? Ele é muito grande na literatura. Um dos maiores! Me identifico muito.

    Beijo, querida.
    Gostei dessa parte do conto e quero ler mais.

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