sábado, 25 de dezembro de 2010

Jesus Cristo Nasceu


Foi tão bonito, não consigo explicar... mas vou tentar.
Ela me abraçou, e eu chorei, chorei. Era Véspera, véspera de Natal.

Entrei em meu quarto, peguei a carteira, tirei uma quantia.
Toma, disse quando cheguei a cozinha.
- Que isso?
- Presente de Natal, expliquei.
- Quem está me dando isso?
- Eu, oras.
- Não. Não posso aceitar.
- Pega, pedi. É seu.
- Está bem...
Ela me olhou confusa, estava sentada na mesa enquanto eu em pé lhe estendia a mão. Ela pegou as notas - era tudo o que eu tinha na carteira, o que restara de meu aniversário - olhou pra mim e depois sorriu. Ia saindo da cozinha quando ela me chamou, e me devolveu o dinheiro.
- Por que está me devolvendo? É seu. Meu presente pra você.
- Eu sei, obrigada, agora estou te dando.
- Mas eu te dei.
- E eu estou te dando de volta.
Ela levantou, deu a volta pra chegar até a mim e disse me abraçando.
- Não quero dinheiro, sua boba. Eu ficaria mais feliz se eu ganhasse apenas um beijo e um abraço.
Beijei sua face e lhe retribui o abraço apertado. Ficamos segundos e segundos ali.
- Eu te amo, eu disse.
E fora diferente, sabe? Fora a primeira vez que eu disse tais palavras sem ao menos pensar nelas. Elas brotaram em minha boca e eu simplesmente as cuspi. Quando dei por mim, eu chorava.
- Por que está chorando? ela perguntou
- Eu não sei.
E não sabia mesmo, apenas soluçava.
- Então chora, disse ela me consolando.
Tirou meus óculos, e encostou minha cabeça em seu ombro e ali eu fiquei soluçando baixinho, chorando.
Eu te amo, ela disse. Só quero que você seja feliz, filha. Feliz Natal.


E quando dera meia-noite, estouramos a champanhe. Brindamos, bebemos, nos abraçamos e desejamos juntos um Feliz Natal.
Fora, e ainda está sendo, o Natal mais lindo que eu já tive, é porque fora a primeira vez que eu pedi pra Jesus comemorar conosco.



Feliz Natal a todos vocês!

9 comentários:

  1. Olá Gabriela!

    Muito emocionante esse diálogo. Prova de que a felicidade está nas pequenas coisas. Muito bom! Parabéns pela sua sensibilidade!
    Agradeço os votos e desejo a você todas as coisas boas que esse ano novo possa oferecer! Tudo de ótimo para ti!

    Beijos,

    Thiago

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  2. Nossa, que lindo! Esse sim é o verdadeiro espírito do Natal. Transmitir amor, estar perto de quem se ama e demonstrar essa afetividade que está tão em falta no mundo atual! Parabéns por ser capaz de algo assim!

    Beijos!

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  3. Que lindo, Gabi! E que forma bonita de se comemorar o natal. Na talevisão estas épocas eles sempre ficam passando aqueles filmes tristes de Jesus, como ele morreu e tals. Mas, eu gosto de lembrar da mensagem de amor que ele trouxe pra nós... Natal pra mim é exatamente isso! Dizer eu te amo, agradecer por tudo!

    Feliz natal! Atrasado, ok?

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  4. Há uma confluência de elementos que se reúnem em dias como Natal e Ano Novo; e não digo isso com qualquer pretensão de ser dissimulado, hipócrita. Digo isso mesmo já não sendo cristão e vivendo numa família que nunca comemorou o Natal (porque o 24 de dezembro cai justo no dia do aniversário da minha avó, a matriarca; entre o simbolismo religioso e o sanguíneo, o segundo vence... como será quando ela, que fez 83, se for?), mas porque respeito o chamado "espírito natalino". Sei que as pessoas confundem solidariedade e consumismo, e tal, mas isso não é o que importa; importa, sim, saber que nesse período a nossa sensibilidade aflora, ou ao menos fica mais latente, e eu apoio tudo o que estimule essa sensibilidade, porque acho que ser sensível é o único meio de saber viver e conviver num mundo tecnocrata e machista demais.

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  5. Há uma confluência de elementos que se reúnem em dias como Natal e Ano Novo; e não digo isso com qualquer pretensão de ser dissimulado, hipócrita. Digo isso mesmo já não sendo cristão e vivendo numa família que nunca comemorou o Natal (porque o 24 de dezembro cai justo no dia do aniversário da minha avó, a matriarca; entre o simbolismo religioso e o sanguíneo, o segundo vence... como será quando ela, que fez 83, se for?), mas porque respeito o chamado "espírito natalino". Sei que as pessoas confundem solidariedade e consumismo, e tal, mas isso não é o que importa; importa, sim, saber que nesse período a nossa sensibilidade aflora, ou ao menos fica mais latente, e eu apoio tudo o que estimule essa sensibilidade, porque acho que ser sensível é o único meio de saber viver e conviver num mundo tecnocrata e machista demais. Um beijo, e espero que o texto corresponda ao que foi seu Natal de fato. Que por mais vezes você diga "eu te amo" sem querer... é quando a autenticidade emerge.

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  6. Muito lindo o texto. Hoje é difíci encontrar esse espirito entre as famílias, de que o que realmente importa é o amor e a união. Mas sei que ainda existe, e que continue existindo.. Lindo seu blog.

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  7. Me emocionou, flor.
    Imagino que para a mãe esse foi o gesto mais bonito que a filha poderia ter. E ter recusado foi o melhor que a mãe poderia ter feito.

    Amo o jeito como escreve o cotidiano.

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