quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Temos todo o tempo do mundo para criar um título

Deitada, perdia-se nas horas. De que valem as horas quando se tem todo o tempo do mundo? Talvez seja pra isso que sirvam os feriados.
O olhar perdido no teto do apartamento, a cabeça repousada na almofada do sofá. A madrugada abriga o silêncio que abafa o som do relógio na estante da sala. O tempo é bem menos ameaçador quando não se tem a agenda lotada. Não se vive contra o tempo. A vida para... 
Não é mais preciso preocupar-se em viver em direção à conclusão e execução de mais um dia... rumo à quê? O tempo flui naturalmente sem a supervisão minuciosa daqueles que têm pressa.
Nos dias úteis, vivemos planejando o futuro ócio, construindo a futura aposentadoria. A oportunidade de recostar a cabeça no sofá. Aposentar-se do emprego, aposentar-se da vida. Em paz. Com a sensação de missão cumprida. Deve ser por isso que chamam-os úteis... são úteis para o amanhã. Somente.
Os feriados são o ensaio do futuro ócio eterno. Desejados, aguardados, cons-pi-ra-dos. Mas como são entendiantes. 

Deitada, perdia-se nas horas. O tempo é menos ameaçador no feriado. Estagnado. A casa torna-se eco. Nada presta na televisão. 
Resta apenas o silêncio da madrugada, mas o telhado bloqueia a visão do céu; e é tão difícil sonhar sem estrelas.


[Gabriela Marques de Omena]
20/11/13

4 comentários:

  1. Gabiii, que texto maravilhoso!!! Aliás, todos os seus são, mas esse se destacou pra mim de uma maneira tão forte! Entrando na minha lista de favoritos!!
    Estou esperando um livro seu viu moçoila!!
    Beijos e saudadess!

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  2. É interessante como tudo que temos por fazer não cabe no nada dos feriados.

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  3. Imaginar o futuro é uma espécie de nostalgia. - Quem é você, Alasca?

    Beijos

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  4. O tempo que nos consome na correria é o mesmo que amansa nos feriado... só muda que tirando a correria as coisas se tornam mais notáveis, aquelas coisas que deixamos passar.

    Sempre irei repetir, é bom te ler!
    Saudade querida Gabs :)

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