sexta-feira, 23 de abril de 2010

Despedida IV



Lívia fungou algumas lágrimas após recordar-se da última cena.
Eduardo não disse mais nada. Ficou imóvel, talvez apenas sem ação.

- Sei que me ama. Pelo menos, posso imaginar que sim.
Disse Lívia tentando quebrar o silêncio que havia se formado.

Como se quisesse quebrar de vez o gelo, aproximou-se o abraçando delicadamente.

- Sei que um dia poderás partir...
Não fales assim - bronqueou Eduardo, mas isso não fez com que Lívia parasse.
- ... mas quero que saibas que alguém como eu jamais encontrará. Talvez porque só exista uma Lívia Pereira em todo o mundo, ou talvez porque somente essa Lívia Pereira irá te amar desesperadamente.

Como se as coisas se complicassem conforme Lívia fosse falando, mais e mais Eduardo se retorcia em suas farsas.
A estava iludindo, ele devia parar com aquele teatro hediondo.


- Eu te amo, Eduardo.

Silêncio.

- Me escutas? [...] No que pensas?

Insistiu gritante. Estava sem chão, desesperada.

- Em ti.
Finalmente disse.

Caro leitor, não penses que Eduardo mentiu quando disse que pensava em Lívia. Ele pensava mesmo, de verdade.
Pensava em uma forma de como dizer o que queria.
Não seria fácil.
Não era como dizer que havia colado em uma disciplina escolar. Não era.
Era uma pessoa. E essa pessoa o amava.
E o que ele dava em troca?
Sabia que se acabasse com tudo aquilo, um dia então poderia se arrepender.
Marcela não o merecia. Mas quando pensava no amor de Marcela, via que era o mesmo que se lidava. Eduardo era como Marcela, só que para Lívia.
Eduardo amava tanto Marcela, mas ela não o retribuia.
Será que Marcela não o amava pois amava outro alguém? Seria castigo, talvez? E então refletiu sobre diversas coisas...
Marcela partiu, e Eduardo fez a história se repetir, só que em outro ângulo: ele sendo Marcela e Lívia sendo Eduardo.

Digo, leitor, que o mais belo dom é daquelas pessoas que conseguem se colocar no lugar de outras.
Assim como Eduardo sofreu quando Marcela partiu, faria Lívia sofrer por ele ao vê-lo partindo. [...]
Mas iria para onde? No fundo gostava de Lívia.
Mas era necessário mais que carinho. Ela merecia muito mais. E a vontade de ter sua vida de solteiro novamente, lhe gritava por dentro, o ia corroendo pouco a pouco.

O sentimento mais lindo é o amor, e mais maravilhoso ainda é saber que alguém ao seu lado te ama, que te adora. E Eduardo era feliz por isso; em partes. Tinha Lívia que o amava, mas não tinha mais aquela vida tão esperada... Ahh... a vida de solteiro!

Após momentos de tortura, pôde enfim contar-te tudo. Embora não tudo.

- Tenho que lhe contar algo.
- Sou toda a ouvidos.
- Eu gosto de ti, Lívia. Muito. Mas acho que tu mereces mais.
- Por favor... - retorceu-se Lívia.

Engraçado saber que antes que as pessoas venham com o balde de água fria, já temos noção que ele abrira a torneira meses atrás e o vinha enchendo deveras vezes; devagarinho.
Lívia sabia o que estava disposta a ouvir. E como se não devesse saber, ela o queria dizendo.

- Queria te amar mais...
- E o que falta para isso?
- Eu não sei.
- Eu acho que sei. - disse Lívia quase num sussurro.
- Sabe?

E antes que pudesse algo dizer, e então contar realmente tudo, Lívia desabou.

- Sei que às vezes parece que não me ama. Parece que amas outra. - fungou baixinho uma lágrima teimosa que persistiu em escorrer devagarinho - Mas eu te amo. Não tenho culpa se tu entraste de para-quedas em meu coração. Te amo tanto... Mas você também não teria culpa se não conseguisse me amar; às vezes isso acontece. Mas eu quero te fazer feliz. Só te quero sorrindo. Não precisas amar mais. Não precisa se torturar. Me fará feliz gostando de mim o tanto que já gosta. Pois, na verdade, o que realmente importa, não é saber que tu me amas, é saber que posso te fazer, pelo menos, feliz.

Cortante proferiu:

- Te faço feliz, Eduardo?
- Mais que qualquer outra! Mas eu queria lhe fazer feliz.
- Pois já me faz. Está ao meu lado, Eduardo. E isso me deixa mais feliz que tudo! O que me preocupa é se realmente o que eu percebo for verdade, então mentes quando diz que poderei lhe fazer feliz. As pessoas nunca são felizes ao lado de quem não se quer.
- Mas eu te quero ao meu lado, Lívia!
- Pode até querer... Mas se amas outra, garanto-lhe que ela lhe faria mais feliz que eu. O fato da presença dela lhe faria sorrir involuntariamente, e você contaria as horas pra poder vê-la.
- Mas tua ausência me tortura...
- Então estou correta? Há outra nesta história? - enfatizou.

Silêncio.

- Conte-me Eduardo. Não poderá viver de mentiras. E não me venha que omitir não é a mesma coisa. Está escondendo algo de mim há tempos. Deve contar-me, ou então...

Calou-se.
Silêncio.

O silêncio ali durou pouco, Eduardo logo se pôs a contar exatamente tudo.
Pelo contrário do que qualquer um poderia imaginar, Lívia foi mais forte que um touro. Não chorou na frente de Eduardo, claro. Nenhum momento sequer. Limpou a última lágrima atrevida, e depois dela nenhuma mais persistiu em cair. Do mesmo local aonde inflamava um amor, agora ardia uma ferida de decepção.
O mais dolorido não era saber da história de outra, que ele amava outra; era poder imaginar quantas vezes ele a tocou querendo que fosse outra... quantas vezes a beijou imaginando ser a outra. Isso a feria pouco a pouco...



Continua...

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Espero que estejam gostando de verdade.
Estou tão inspirada nesse conto que até mudei o final, haha.
O que o torna ainda maior.
Tudo bem, entenderei se vocês não aguentarem ler o final.
Mas aqueles que lerem, garanto que irão gostar. Eu acho, né? Na verdade, espero!

Vou nessa.
Meu beijo
Fiquem com Deus

E obrigada pelo carinho e apoio! De verdade, obrigada mesmo.

7 comentários:

  1. Isso é mto ruim mesmo, mas temos que ser fortes. O cupido nem sempre acerta, neh.

    (;

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  2. Respira. Teu conto me tirou total ar que ainda havia aqui dentro. Me instigou a saber o final e pode ter certeza que serei uma das muitas que irá até o fim, rs.
    Adorei teu comentário no meu blog e, jamais vou parar de ler o que a Gabi fala, porque tudo o que a Gabi fala, é o que a laari quer ler, HAHA. Nunca deixe de falar, nem de dar opinião. Eu preciso de conselhos, preciso de ombros, preciso de textos, preciso das tuas palavras. rs E, hoje, elas já me ajudaram muito.

    Quanto o texto é bom, o final muda várias vezes. rs

    Beijos.

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  3. "O cupido nem sempre acerta, neh." No comentário anterior. E só pra completar, nem sempre ele é bom conosco.

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  4. Hahahaha,eu estou amando *.*,mil vzes melhor q televisão XD,ADORO SEUS ESCRITOS e esse conto então,está pegando fogo,hehehe...
    Continua ai =p
    Manda essa tal de Marcela pro espaço,fica solteiro ou então tenta algo com Lívia msm,pq essa Marcela n merece!!!=D

    Beijos!!!

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  5. Quero mais!!!
    Teu conto me fez lembrar o filme "500 Dias com Ela"...
    Tem coisas tão a ver...
    Hum...
    Deixe a inspiração fluir...
    Vou ler com toda certeza o final...
    Sou muito curiosa...

    Bjs

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  6. Às vezes estar ao lado não basta. O amor mútuo, sim, basta. Transborda e vira poesia.

    Ah, só quero ver o final desse conto. Vou ler as partes que perdi. ;*

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