terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Maria Menina

Quando uma mãe decide narrar, é bom sempre parar para se ler


Dizem que nossos filhos deixam de ser bebês, quando começam a questionar sobre as coisas.
Outro dia, Maria Júlia, minha pequena, perguntou-me de onde viera; então lembrei-me de meus tempos de meninice e toda aquela história de cegonha, repolho e tudo o mais.
Maria Júlia é menina demais pra essas coisas, não posso pular a parte mais infante de sua vida; é como contar que não se existe Papai Noel, e então tirar dela toda a alegria que um dia senti quando ainda tinha sua idade. As noites que eu tentava não pregar os olhos somente para ver o tal do Bom Velhinho. Mas meu Noel era pra lá de esperto. Meu pai já me dizia que ele não iria aparecer enquanto a menina não dormisse pra sonhar. Acordava atropelando a casa, olhava debaixo da cama, do lado do armário e... Ah... por fim a Árvore de Natal e lá estava ele, meu pedido realizado, minha boneca ou casinha.

- Mamãe, de onde é que eu vim?
- De uma dança - disse eu a ela enquanto a punha na cama.
- Dança, é? Que tipo de dança?
- Papai e mamãe tivemos que inventar uma, assim que casamos.
- Então se eu quiser ter um bebê de verdade, eu preciso dançar também?
- Só depois que casares. E então você e seu marido irão inventar sua própria dança; se o Papai do Céu gostar, ele lhe dará um presente.
E seus olhinhos de menina já muito cansados se viam a quase piscar. Pregados, pesados, sonolentos.
- Mamãe e Papai ganharam um lindo presente, que é você, meu amor. Agora vá dormir, vá.
Cobri-a e dei-lhe um beijo de boa noite. Não foi preciso muito para que o sonho fosse visitá-la.
Mal pude fechar a porta e já a via a sonhar.
Dormia encolhidinha, com as mãos agarradinhas ao travesseiro, toda miúda, minha pequena. Meu bebê já não tão mais bebê... Foi então que percebi que Maria crescia.



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O que irei fazer com essas minhas insônias, hein? Eram quase duas da madrugada quando escrevia este texto.
Creio que todo autor formula histórias a todo instante em sua cachola, mas nem sempre as coloca no papel. Assim acontece comigo. O quarto com as luzes apagadas e eu imaginando ser a mãe de Maria... Pensei então em escrever pra postar aqui, mas a preguiça, apesar da insônia, não deixava. Então lembrei-me que eu tinha dentro da gaveta de meu criado-mudo um caderno vazio, não sei porque o deixo lá, mas agora irei fazer nele as anotações que tenho em noites de insônia como esta. Peguei a caneta que uso para preencher minhas cruzadinhas; e me coloquei a escrever.
Não sei porque estou contanto isso aqui.
Talvez porque engraçado foi. Preguiça... se forem 02h02 da madrugada eu escreverei. Tomei o celular em mãos... e não é que era 02h02? Então deu no que deu.
Calma, não sou mãe, ok? Mas o autor pode ser o que quiser quando escreve... E desta vez me tornei a mãe da linda Maria.
Me inspirei nas conversas em que tive com a minha mais nova amiga Cynthia do blog Casa da Mariah. Um prazer imenso conhecê-la.
Queria também agradecer a todos vocês pelo carinho imenso que vêm tendo para comigo e meu cantinho. E principalmente, à Cynthia que em seu blog até fez um post e me citou. De tão lindas palavras que até abri uma página para postá-las. Esta em meu MENU logo ao lado, Palavras doces de Mariah.

E ah, Lari não esqueci de seu selinho, tá? Logo irei postá-lo aqui. Obrigada de coração.

Bom, obrigada a todos.
Um imenso beijo
Ótima semana.
O papo foi longo.

9 comentários:

  1. Achei doce a história. Linda, linda.

    Ainda ontem conversava com uma amiga que tem uma filha quase da idade da minha Maria. Falávamos sobre a fatídica conversa que um dia precisaremos ter com elas. Mesmo nós, mães "todas descoladas", não temos a mínima idéia de como esta conversa deverá acontecer.
    Pois saiba então "dona precoce Gabi"...a história da dança é uma metáfora riquíssima, linda e poética. Como deve ser o amor que pode trazer uma vida a este mundo. Adorei. E pode crer, vou adotar pra minha Maria. Se der certo te conto, aí quando você tiver a sua...conta também.

    Na sua idade eu não pensava em ter uma "Maria". Sempre achei que seria um "Vinícius" (opa, esta história já contei).

    Ah Gabi, aqui vai uma dica. Para as anotações, essas que vêm de repente e que se a gente não cuidar, fogem...."Moleskine"....já ouviu falar?

    Guarde também, se puder, as anotações, o "brain storm", é tão divertido ver depois, nos rascunhos, como foi que o texto se construiu, eu adoro.

    Obrigada pela menção ao meu blog. Super fofo da sua parte.

    Beijos

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  2. Até então não havia lido explicação mais bonito pra pergunta da menina-filha. Nascer de uma dança foi mesmo criativo e poetico. Parando pra pensar a respeito vejo que de fato é uma dança.
    Tenho me encantado cada vez que venho aqui. Enquanto umas morrem, feito eu, outras crescem e exploram mundos ainda não visitados por mim.

    É um prazer te seguir e te ler. Tem sido a minha revelação.
    beijo enorme.
    Cresça muito.. muito..

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  3. Que história maravilhosa.

    abraços
    de luz e paz

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  4. O que fazer das insônias? Escrever...escrever e esscrever! Pena que nas minhas insônias não tenha as inspirações que tenho pela manhã, quase todos os meus textos foram escritos nesse horário...
    Bjs*

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  5. Mesmo eu tendo 18 anos minha mãe ainda me considera o bebê dela :D beijo

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  6. Verdade, autir pode ser o que quiser! E eu gostei dessa explicação, juro que vou lembrar se um dia (tomara que não) tiver que ter uma.

    Adorei a histórinha, lembrei de mim quando acreditava em Papai Noel e dos sonhos simples de infância. Natal me lembra muito essas coisa também... Enfim... :)

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  7. Me pus no lugar da Maria, e coloquei toda a tristeza/felicidade da mãe da Maria nela mesma.
    Já pensou como é triste perceber que não somos mais crianças? E que toda a nossa vida "infantil" nunca mais voltará?
    Me faço essa pergunta todos os dias, e me lamento...

    Se um gênio aparecesse hoje e me concedesse apenas um desejo, eu escolheria voltar a ser criança.

    Amplexos Gabriela.

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  8. Gabi, conto muito bonito!
    A idéia de escrever em madrugas insones não é ruim, ou melhor, é muito boa. Atualmente assisto meus seriados preferidos, estou tentando me atualizar (A faculdade me fez ficar todo perdido...).
    E a mãe da Maria tem razão em guardar a verdade para mais tarde, é necessário manter o encanto em torno de alguns assuntos!

    Ótimo texto, e todos os selos e reconhecimento que você receber são merecidos, pelo seu talento e também pela sua simpatia.


    Beijo!

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  9. Encantador o modo que você escreve.
    Passei, e ainda passo, muitas madrugadas insônes assim. E foi assim que surgiu meu blog, na verdade.
    Beijo

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