domingo, 21 de março de 2010

Adeus

Imagem: getty images.

Uma noite de neve, ela havia tocado a campainha, o aguardava receosa.
Quando a porta se abriu, ela estava cabisbaixa, temia olhá-lo mais uma vez.
- Oi - disse ele esfregando as mãos - Aqui está frio, quer entrar?
Ela pensou duas, três, ou talvez até mesmo, quatro vezes.
- Obrigada, mas só vim lhe entregar uma coisa.
Levantando o rosto, pode ver seus olhos azuis novamente, aqueles que a tinham seduzido na noite anterior, aqueles que lhe tiravam o fôlego. Ela sorriu e estendeu uma carteira marrom de couro. A carteira que ele havia provavelmente esquecido no apartamento dela na noite anterior. Ele nem se dera falta da carteira, nem se dera conta que a havia esquecido por ai.
Ele sorriu agradecido, desculpou-se pelo transtorno de ter feito ela trazer-lhe a carteira esquecida até sua casa, e como se insistisse a convidou novamente a entrar. Novamente ela recusou, ela tinha seus motivos.
Sorriu sem jeito, virando as costas, e quando chegou na metade do jardim da casa do belo rapaz, acenou. Então ele encostou a porta devagar, e soltou um tchau seguido de um aceno breve. Ela não correspondeu.
Pensou em voltar e abraçá-lo pela última vez, dizer-lhe coisas ao pé do ouvido, mas era tarde demais para tudo isso. Depois da noite anterior, apesar de ter sido mágica, preferia do fundo do peito que não houvesse acontecido.
O que o rapaz não sabia era de seus motivos; e a cada sorriso que ele lhe dava parecia como uma facada em seu peito. O havia iludido. Ela partiria, o deixaria, e ela sempre soube disso.
Semanas atrás ela havia fechado um negócio de venda; seu apartamento estava vendido.
Partiria no fim da noite, e como se gostasse de brincar, iludiu um alguém tão especial na noite anterior. Não, ela não queria que ele pensasse que somente brincou com ele, que o usou, que somente fez amor com ele por fazer. Não... as coisas não funcionavam assim, mas ela teria de partir, e isso não queria contar à ele; não queria dar explicações, motivos - mesmo porque não os tinha.
Ela o deixaria sem ele saber, e quando ouvisse falar em sua partida seria tarde demais. Deixaria ele tirar suas conclusões, deixaria ele pensar o que quisesse, que a odiasse, que a caluniasse. Deixaria... O deixaria.
Tudo porque ela tinha seus motivos.
Ela nunca fora boa com despedidas.


Músicas que me inspiraram:
I'm scared - Duffy & Bleeding Love - Leona

E como eu sempre digo: Ainda moro num lugar aonde tenha muita neve! Só para sentar numa poltrona velha e tomar um chocolate quente delicioso.

Bom, parece que não gostaram do meu novo nome - do blog. Acho que vou voltar ao anterior.
À pedidos O blog Universo Paralelo pretende ficar com o nome de Universo Paralelo. rs

Meu beijo queridos
Fiquem com Deus
Volto em breve.

9 comentários:

  1. Bom, tenho que admitir tristemente que não cheguei a ler seu texto por inteiro, estou meio sem tempo, mas está prometido que passarei aqui de novo muitas e muitas vezes.
    Li alguns textos, os menores, e me indentifiquei muito. Tudo aqui é feito de coração sem esperar nada um troca. Você merece tudo de bom, e bastante sucesso no blog, mais ainda, rs


    Beijos ;*
    www.menina-normal.blogspot.com

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  2. Lindo e triste ao memso tempo! Vc tem uma forma muito doce e envolvente de escrever. Parabéns!!! :)

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  3. despedidas dói né.principalmente aquelas que a gente sabe que não terá reencontro.amoooo seus textos,a gente consegue enxergar tudo como se fosse um filme.

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  4. Hum..essa música da Leona é tudo.


    abraços


    Hugo

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  5. Odeio despedidas...
    Mas são tão necessárias...
    Amei o texto!!!

    Bjs

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  6. Dizer adeus é bem triste, muitos são como ela, bom eu pelo menos odeio despedidas '-'
    Beijos

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  7. Geralmente, nas histórias, acontece o contrário: o cara ilude a menina e tal... mas na sua história foi o contrário e eu adorei isso. fugir um pouquinho do comum :)

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  8. Tem vezes que a gente não deveria partir, mesmo que tivesse alguns motivos escondidos; porque, se a gente ficasse, poderia ser curada de um mal desconhecido e ser mais feliz do que um dia já imaginou ser.
    A gente perde muitas coisas por medo de ficar.

    Olha, se eu morasse num lugar com neve, eu morreria.
    Meu negócio é sol, calor, piscina!

    Beijo, querida.

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  9. Quem é que aprecia uma boa despedida? Particularmente, odeio-as, mas me odiaria mais ainda se não tivesse voltado lá e dito tudo o que queria. A oportunidade vem uma vez e eu já cansei de deixar ela pra lá, rs.

    Um beijo.

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